Situada entre Lisboa e a serra de Montejunto, em Alenquer, tem cerca de 70 hectares e está na posse da família Tavares da Silva desde 1987. Este descritivo não chega para narrar esta história. Até porque a Chocapalha é como se de uma pessoa se tratasse. A relação que a família estabeleceu com ela é estreita e intensa.
“Estamos a falar ‘da quinta’ mas para nós é a Chocapalha. Porque a Chocapalha é um elemento da família, genuinamente falando.”
Há vários nomes nesta viagem. Começamos por Alice e Paulo Tavares da Silva, que, munidos da decisão de se mudarem em família para o campo, procuraram um espaço para levar para a frente um sonho. Sandra e Andrea tinham “14, 12 anos…”, quando encontraram uma propriedade com muito por fazer. Apaixonaram-se pelas árvores, pela harmonia, pelos vales, pela riqueza da região. E transformaram a Chocapalha na quinta que é hoje. Um sonho que uniu a família em torno de um projeto do qual nascem vinhos que são cultura, que são identidade e que refletem uma paixão familiar.
“Estivemos dois anos à procura de uma quinta e estávamos desesperados. Nós éramos umas miúdas. E, nesse dia, a minha irmã Sandra e o pai vieram aqui e estavam a entrar, a subir ali pelo caminho que vem até à quinta, e disseram ‘é esta a quinta’. A proximidade do mar, a frescura, a harmonia, Montejunto, as pessoas…. é espetacular”
“O pai e a mãe são os líderes, são os visionários, são os pilares, os orientadores…”
Já a irmã Sandra é a enóloga responsável da Chocapalha. “Quando nos mudámos, éramos só viticultores. Gostávamos do campo. Não estávamos a produzir vinho. E tudo acontece de uma forma muito natural quando a Sandra tira Agronomia. Depois vai para Itália tirar o mestrado em Enologia, começa a trabalhar no Douro com o Cristiano Van Zeller, em Vale Dona Maria, e passados uns anos desafia os pais a começarmos a produzir vinho com as melhores parcelas da Chocapalha. Começámos com 5/7 mil garrafas, em 2000. Foi o nosso primeiro ano, em que reabilitámos uma das adegas aqui em baixo”, conta Andrea, que se juntou ao projeto “há cerca de 12 anos” – a economista, financeira, de formação e de carreira.
“A dedicação que nós tivemos a esta quinta é, emocionalmente, muito forte. E a minha decisão foi ‘ou é agora antes ou até fazer os 40 ou então já não vou mudar’. Era a altura ideal. E mudei-me para aqui, para a Chocapalha, totalmente. E, pronto, sou mais uma”, conta Andrea sobre a mudança de rumo que deu à vida quando decidiu juntar-se a 100% ao projeto.
A 3ª geração vai participando em alguns momentos e trazem alegria à casa. Há uma terceira irmã, dentista, “que ainda não está no projeto, mas que sente o mesmo amor e carinho pela Chocapalha”. Um amor e respeito que foi ensinado pelos pais desde pequeninos.
“A nossa maneira de ver o campo é termos um projeto sustentável, integrado, o respeito pela natureza. Este é o maior património que nós estamos a deixar à próxima geração. E não é um cliché. Não é para ser bonito. A terra é um património intemporal e com valor espetacular.”
“O nosso objetivo sempre foi mostrar a consistência e o perfil dos nossos vinhos. Os nossos estágios são muito longos. E, por isso, no final, quando se está a provar os vinhos, sempre que haja um clique de que este vinho está espetacular, decide-se engarrafar aquele vinho, que pode ter continuidade ou não quando é um vinho muito especial. Portanto, daqui o foco é qualidade, consistência, terroir. Mostrar parcelas, mostrar a idade das vinhas.”
Mas há mais do que vinho e vinha na Chocapalha. Três florestas, uma delas centenária, na qual fazem manutenção e replantação de novas árvores todos os anos. Porquê? “Porque atrai tudo o que sejam animais que são fundamentais aqui para a quinta.” Javalis, raposas… Também têm uma barragem, um investimento feito pela família quando chegaram à quinta. Com quatro ou cinco minas de água, fizeram todo o sistema de drenagem de água até à barragem, onde fazem tratamento de água e de onde sai a água pluvial e da própria mina para as peras, irrigadas gota a gota antes da apanha. Sim, porque a Chocapalha é também terra de pera-rocha. Em qualquer um dos processos de produção, seja na pera, seja na vinha, a sustentabilidade é um compromisso. “É muito importante. Não é só na Chocapalha, mas na nossa atitude enquanto pessoas. Deve ser assim mesmo”, partilha Andrea.
O segredo dos vinhos da Quinta de Chocapalha:
“Eu diria que é a vinha, acima de tudo. Só é possível fazer bons vinhos com boas uvas. E depois na adega é uma intervenção mínima, de forma a mostrar a fruta que produzimos.”
A sugestão da Quinta de Chocapalha:
“Para uma primeira prova, o Arinto, que é uma das bandeiras de Chocapalha – um 100% Arinto, só em cuba, que não tem estágio em barrica e que mostra muito bem o nosso terroir, as notas salinas, uma acidez superequilibrada, um vinho muito vibrante, muito puro, espetacular para as ostras, o peixe. Para ocasiões especiais, um só não chega (risos). No Natal, por exemplo, em que já estamos cheios de muito excesso, bebemos sempre o Reserva Branco, que é um Chardonnay com Arinto e é superelegante. Bebemos um Chocapalha Vinha Mãe, que é a primeira parcela de vinha plantada pelo nosso pai e por isso é que se chama Vinha Mãe Chocapalha. E depois na nossa mesa nesses dias especiais, têm de estar sempre dois vinhos: o Guarita, o tributo ao nosso pai, e o CH, que é uma maravilha.”
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