Depois de uma tarde intensa marcada pelas apresentações, em formato pitch, dos empreendedores ao painel de júri, o antigo claustro do Convento do Beato, em Lisboa, encheu-se de convidados para o anúncio que todos esperavam: os grandes vencedores da sétima edição do Altice International Innovation Award (AIIA).
No total, foram distribuídos três prémios, em três categorias, num montante global de 95 mil euros para apoiar o que de melhor se faz na inovação. “Todos estes projetos são muito sólidos e consistentes, já com muito trabalho desenvolvido e muita aplicação científica”, analisou Ana Figueiredo em declarações à Sábado.
Para a CEO da Altice Portugal, é importante que estes vencedores estejam “focados em setores que são primordiais para o país, como é o caso da saúde ou da transição energética”. Mas, como líder no feminino de um dos maiores grupos de telecomunicações, Ana Figueiredo não quis deixar de destacar que o primeiro e segundo prémios foram atribuídos a duas empreendedoras. “Como mulher, tenho de destacar o facto de duas startups lideradas por mulheres estarem entre os projetos distinguidos”, sublinhou.
A decisão foi tomada pelo painel de júri, que além da CEO foi composto por personalidades ligadas à inovação, ao empreendedorismo e às telecomunicações: Alcino Lavrador (consultor), Anabela Pedroso (CEiiA), Diogo Araújo (ANI), Gil Azevedo (Startup Lisboa), Luís Santana (Cofina), Miguel Castro Neto (Nova IMS), Paulo Firmeza (Altice Labs), Pedro Santa Clara (TUMO) e Teresa Salema (Fundação Altice).
À fase final do Altice International Innovation Award chegaram ainda os projetos Mobiis e Zoomguide, na categoria Incluir, Tympulse Medical e Karion Therapeutics, que concorreram ao prémio Startup, e BreastScreening-AI e Methods for Improving Medical Imaging AI Models, que disputaram o galardão Academia.
No total, foram distribuídos três prémios, em três categorias, num montante global de 95 mil euros.
Vencedor da categoria Startup: expressPIK
Esta não é a primeira vitória de Ana Teresa Maia, CEO da expressTEC, que ao longo dos últimos anos tem conseguido conquistar prémios e distinções que têm alimentado as várias fases de desenvolvimento do projeto. Esta startup de ADN nacional criou uma nova forma de diagnóstico especialmente desenhada para aumentar o acesso de doentes com cancro da mama à terapia personalizada, o expressPIK.
Há bons motivos para justificar esta aposta, como explica a responsável. “Morrem mais de 600 mil pacientes todos os anos por não responderem a tratamentos. O nosso expressPIK é o primeiro teste baseado em RNA para acelerar e melhorar a escolha do tratamento alvo mais indicado para cada paciente”, enquadra a vencedora.
Com este projeto, Ana Teresa Maia acredita ser possível “mudar o paradigma da testagem clínica para tornar realidade a medicina personalizada”. A ideia inovadora valeu-lhe um montante de 50 mil euros.
Vencedor da categoria Academia: Charging the future of EVs through the wheel
Emanuel Marques, aluno de doutoramento da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, é o rosto por detrás do projeto que quer revolucionar a mobilidade elétrica. Tal como já existe nos smartphones, o académico propõe a conceção e otimização de uma solução para o carregamento de baterias automóveis sem fios. A ideia passa por endereçar algumas das limitações das técnicas atualmente utilizadas e substituí-las por dois acopladores magnéticos para fazer a transferência de energia entre a parte exterior e a lateral do veículo.
“Uma das maiores dificuldades neste tipo de sistema [tradicional] é a elevada distância entre o chão e a base do veículo. Foi proposta uma solução que usa a jante como intermediário de transferência para atingir elevada performance”, detalha o vencedor. O prémio pecuniário é de 25 mil euros.
Vencedor da categoria Inclui: Lumen
Nascido e criado no seio de uma família com pessoas com deficiência, o romeno Cornel Amariei tem uma sensibilidade particular para a importância da inclusão. Foi essa vontade de contribuir para o bem comum que o levou a criar a Lumen, uma solução tecnológica destinada a invisuais que até hoje tinham à disposição apenas a bengala e o cão-guia. A mobilidade passa agora a ser mais fácil com os óculos Lumen, que replicam as características de um cão-guia num dispositivo médico que utiliza tecnologias de condução autónoma, robótica e inteligência artificial.
Estes óculos, semelhantes a um equipamento de realidade virtual, conseguem analisar o ambiente que os rodeia e, através das informações recolhidas e analisadas em tempo real, conduzir o utilizador. “Construímos óculos que capacitam os cegos a poderem viver uma vida melhor. Fazemos isto para empoderar os 39 milhões de cegos no mundo que não podem ter um cão-guia”, explica o fundador que conquistou um prémio de 25 mil euros.
Especificamente sobre esta categoria, a secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, disse ter lido “as sinopses dos três projetos finalistas” e considerou “todos eles muito promissores”.
Este ano, pela primeira vez, a Startup Lisboa tornou-se parceira do prémio de inovação da Altice. As startups ExpressPIK, vencedora da categoria Startup, e a startup Lumen, distinguida na categoria Inclui, vão contar com o seu apoio na fase de incubação do projeto com vista à angariação de capital.
Em parceria com a Agência Nacional de Inovação, a Altice atribuiu ainda uma distinção especial à Karion Therapeutics.
Vencedor do Prémio Born from Knowledge: Karion Therapeutics
Em parceria com a Agência Nacional de Inovação, a organização atribuiu ainda uma distinção especial à Karion Therapeutics, uma startup portuguesa que procura desenvolver terapias inovadoras para cancros agressivos com altas taxas de mortalidade. O projeto, cofundado e liderado pela investigadora Marta Costa, pretende criar tratamentos eficazes e seguros através de uma molécula promissora. Por poder ser considerado um medicamento órfão, tem vantagens ao nível da regulação e dos requisitos necessários para ensaios clínicos em humanos.
“Esta terapia pretende aumentar a taxa de sobrevivência dos pacientes, pois é extremamente eficaz e potente. Ao mesmo tempo, preserva a qualidade de vida dos doentes e não tem efeitos secundários associados”, explica a responsável. A Karion Therapeutics venceu um prémio no valor de 2500 euros.