Por Mário Patrocínio
Branded content? É melhor começarmos pelo início… Hoje, já com meia dúzia de anos de vida… parece-me claro, que nós, seres humanos, desde o primeiro inspirar até ao último expirar, pensamos em histórias, somos colectores de momentos, editores de memórias.
Contar histórias aparece na evolução humana como um acto essencial para a nossa sobrevivência, uma forma de partilha de sabedoria, de construção de uma identidade individual e colectiva, uma forma de nos conectarmos emocionalmente. As histórias permitem-nos viajar no tempo, mergulhar no passado e projectar futuros.
Talvez amemos tanto ouvir uma boa história porque elas despertam emoções “verdadeiras” no nosso cérebro, estimulam a nossa imaginação, transportam-nos para mundos onde vivemos os maiores medos e os maiores amores sem sairmos do mesmo lugar. Histórias são como sonhos, fragmentos da nossa humanidade que se estilhaçam no tempo e na expansão do universo.
Quando nos vemos reflectidos numa história e nos identificamos com uma personagem, experimentamos uma sensação de pertencimento e compreensão. Outras vezes somos transportados por universos que nos fazem fugir da nossa realidade. Seja como for, uma boa história estimula os nossos sentidos, a tal ponto que pensamos que somos nós próprios que estamos a viver aquele beijo, aquela morte, dor ou momento de glória. Como é belo, enquanto seres humanos, sabermos que existe uma forma de podermos realmente inspirar, motivar, criar espaço para a transformação ou simplesmente para arrancar uma lágrima travada ou um sorriso a alguém.
Afinal de contas, sabendo nós deste tamanho poder, porque será que ainda existe tanto medo por parte das marcas de se aventurarem mais profundamente em contar histórias? Falo de histórias que marquem.
No outro dia, em conversa com uma amiga, questionávamo-nos, porque será que quem pode decidir por onde uma marca quer, ou deve, caminhar age tantas vezes com medo? Seráuma forma de proteger o espaço conquistado? Será um acto de tentativa de garantia de sobrevivência? Será um medo do desconhecido? Será o medo de fracassar ou de rejeição? Será uma herança e crença cultural que está a moldar a forma de agir?
Eu sei… é desconfortável sairmos do nosso círculo de segurança. Mas com tanto conforto que hoje vivemos, ainda há tanto medo… porquê?
Mas agora imaginem o poder que as marcas têm nas mãos, nomeadamente em Portugal, se verdadeiramente se aventurassem e trouxessem até si a responsabilidade de transformar a nossa sociedade nas questões que nos são essenciais!
Se nós enquanto seres individuais e pequenos colectivos podemos revolucionar o que for, imaginem o que as marcas poderiam estar a fazer hoje com todos os recursos que têm disponíveis. Imaginem chegar lá na frente e olhar para trás e ter história enquanto marca que realmente se cruza com a história da transformação de uma sociedade por inteiro. Imagem poder dizer de verdade, que além de serem uma empresa de sucesso porque são sustentáveis e até dão lucro, também põem em primeiro lugar os mais altos valores humanos!
Não falo em meramente comunicar que fazem “grandes coisas” pela humanidade e pelo planeta, falo em contar histórias que inspiram, que têm o potencial de nos fazer pensar pela própria cabeça, falo em emocionar, chorar, rir, mas sempre com um propósito nobre por detrás.
Sim… as marcas querem vender, têm de vender para existir, mas cada vez mais o escrutínio sobre como a marca age no mundo será perscrutado e nós enquanto sociedade estamos cada vez mais atentos. Talvez esteja na hora de largar o medo, não?… Para quê perder mais tempo, minhas queridas marcas…
E a tal coragem? Ingrediente vital para conseguirem a grandeza que tanto querem alcançar. É sendo corajosas que irão quebrar barreiras, desafiar limites e criar um impacto significativo no mundo. Sejam corajosas ao expressar um posicionamento mediante temas essenciais da nossa sociedade, expandam as vossas ideias, assumam riscos calculados, mas não deixem de experimentar novos caminhos. Tenham a ousadia de ser autênticas, de levantar a voz em prol de causas justas. Lembrem-se de que é na coragem que reside o poder de inspirar e motivar na busca por um futuro melhor. Não deixem o medo vos paralisar. Sejam corajosas, façam a diferença e deixem a vossa marca no mundo.
Branded content? Está aqui, nas vossas mãos, nas nossas mãos… no fundo somos animais contadores de histórias. Resta saber que histórias queremos contar e que legado queremos deixar, porque o tempo não espera por nenhum de nós.
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