Há um “compromisso” da indústria seguradora com a questão climática
A Fidelidade marcou presença na COP30, em Belém do Pará, Brasil, onde mostrou como as seguradoras podem atuar para prevenir e mitigar o risco climático nas áreas dos investimentos e dos seguros, como explica o CEO do grupo segurador, Rogério Campos Henriques.
A Cimeira do Clima termina amanhã, 21 de novembro, em Belém do Pará, Brasil, tendo ficado marcada pela novidade de haver, pela primeira vez, um pavilhão para a área seguradora.
Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, põe a ênfase nesse espaço novo da COP30, um claro sinal da importância global da atividade seguradora na prevenção e mitigação das alterações climáticas. “Bem, o facto de haver na COP30 um pavilhão da indústria seguradora é um sinal do compromisso que as seguradoras a nível global têm, de uma forma muito explícita, com tudo o que tem que ver com a transição climática”, afirmou.
“Desta vez, em Belém do Pará, o setor segurador brasileiro liderou este movimento, mas teve, de facto, muita adesão de várias seguradoras e temos um pavilhão próprio que sinaliza claramente o nosso empenho e a nossa determinação em fazer a diferença”, realça Rogério Campos Henriques, que se mostrou satisfeito com o contributo que a Fidelidade levou à Cimeira do Clima.
Desde a COP28, “em que nós estivemos presentes, que se assiste a um maior empenho das empresas, e não só já dos governos, na discussão deste tema das transições climáticas”, sublinha o CEO da Fidelidade.
A Cimeira do Clima reuniu cerca de 45.000 delegados vindos de quase 200 países. A Fidelidade esteve presente com o painel “Do risco à resiliência: o papel do seguro na ação climática”, e na Casa do Seguro, o novo espaço dedicado ao setor segurador na COP30.
Intervenção em três frentes
A intervenção do setor segurador num mundo cada vez mais afetado por fenómenos extremos do clima é mais abrangente do que o que a maioria das pessoas pode pensar. A atividade não se limita à cobertura por seguros de danos causados por fenómenos climáticos extremos. “Há uma análise que nós fazemos que se chama dupla materialidade. Não só porque somos afetados pelos impactos das alterações climáticas, porque vamos ter de indemnizar pelos danos dos temporais e das ondas de calor e por aí fora, mas também porque podemos ter um papel proativo na mitigação e na adaptação às alterações climáticas.”
No fundo, como realça Rogério Campos Henriques, “as seguradoras têm muitas vezes os incentivos para ajudar os clientes e a sociedade em geral a fazer o que se deve fazer em termos da transição climática”.
A Fidelidade identifica três frentes de atuação: “Podemos fazê-lo na área dos seguros, criando incentivos para que os nossos clientes tenham condutas ambientalmente mais responsáveis. Podemos fazê-lo na área dos investimentos, mais uma vez incentivando as empresas para terem planos de redução de emissões e fazerem este caminho. E podemos fazê-lo também na nossa esfera própria, na redução das nossas emissões.”
SUSTENTABILIDADE E LONGEVIDADE: O FUTURO
Quando olha para o futuro, o CEO da Fidelidade vê “dois grandes problemas”. Em primeiro lugar, as alterações climáticas, e, em segundo lugar, a nova realidade demográfica. “A longevidade é uma questão que nos preocupa, que também tem uma componente de sustentabilidade, mas não na área ambiental, na área demográfica. Por um lado, é uma bênção, mas representa um desafio para a sociedade como um todo”, conclui Rogério Campos Henriques.
Boas práticas: o ICCC e o Fundo Florestal
Nos últimos anos, a Fidelidade reforçou a integração de critérios ESG (Environment, Social and Governance) na sua estratégia de gestão orientada para a sustentabilidade.
Aliás, a Sustainable Fitch reconheceu recentemente o desempenho global de sustentabilidade da Fidelidade, atribuindo à seguradora a classificação 2, numa escala de 1 a 5 (em que 1 é a melhor avaliação), que aprecia de forma holística a governação e a estratégia ESG, a qualidade da divulgação e a execução de metas ambientais e sociais.
O CEO da Fidelidade explica o que foi feito: “Em primeiro lugar, reduzimos significativamente as nossas emissões e temos um plano de redução de emissões com metas intermédias até 2030 e queremos ser neutrais do ponto de vista carbónico nas nossas próprias emissões até 2040. Depois, na componente mais proativa, chamemos assim, quer na área dos investimentos, quer na área dos seguros, também temos um plano muito concreto para sermos neutralmente carbónicos até 2050.”
A Fidelidade está a introduzir critérios ESG na sua atividade e nos seguros que disponibilizam, criando incentivos para os clientes terem uma conduta ambientalmente mais responsável. “Já acontece, por exemplo, no seguro automóvel, para vos dar um exemplo. Mas é algo que precisa de ser claramente ampliado, porque há muito ainda por fazer.”
Uma das iniciativas “mais emblemáticas” foi a criação do Impact Center for Climate Change (ICCC) há um ano. “É um centro de pesquisa e de investigação em conjunto com a sociedade civil, com as universidades, com as entidades públicas, para criar conhecimento que nos permita entender melhor os impactos que as alterações climáticas podem ter no nosso dia a dia.”
O destaque vai para duas vertentes diferentes: a mitigação e a redução das emissões de carbono, por um lado, e a adaptação às alterações climáticas, por outro. O ICCC vai ajudar a “fazer a diferença em áreas como os incêndios, em que há um estudo a decorrer, as inundações e as cheias, e inclusivamente em definir orientações para os nossos clientes se poderem adaptar mais facilmente”, sublinha Rogério Campos Henriques.
A Fidelidade criou também um Fundo Florestal, que “está numa fase embrionária, mas já tem um compromisso de investimento da nossa parte de 12 milhões de euros, e onde estamos a angariar novos clientes, novos investidores, novos parceiros, para investirmos de forma sustentável na floresta em Portugal”.