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A importância de atingir a neutralidade carbónica até 2050

A importância de atingir a neutralidade carbónica até 2050

A partir da Revolução Industrial e pelo facto de as sociedades passarem a emitir quantidades significativas de gases de efeito estufa, as atividades humanas passaram a ter uma considerável influência nas mudanças climáticas. Influências essas que, urge, se tornem menos negativas.

As alterações climáticas já não são uma mera ameaça. São, sim, uma realidade com forte impacto negativo, na vertente económica, social e na qualidade de vida das populações. Impactos que poderão alargar-se de forma dramática se a temperatura do planeta Terra continuar a subir, conduzindo ao degelo e ao inevitável aumento do nível dos oceanos com consequências devastadoras na vida humana.

Nesse sentido, são muitas as vozes que defendem a necessidade de agir rapidamente no sentido de descarbonizar a economia e a sociedade, um movimento suportado por políticas europeias com timings devidamente estruturados e metas bem definidas. João Pedro Matos Fernandes, ex-ministro do Ambiente e da Transição Energética, assumia que a neutralidade carbónica, nomeadamente em Portugal, implica reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em mais de 85%, em relação a 2005, e garantir uma capacidade de sequestro agrícola e florestal de carbono na ordem dos 13 milhões de toneladas. “Sendo Portugal um dos países potencialmente mais afetado pelas alterações climáticas, garantir uma agricultura e uma floresta sustentáveis e resilientes e combater a desertificação são os maiores desafios que enfrentamos, embora fundamentais para assegurar a neutralidade, a coesão territorial e a proteção da biodiversidade”.

Para o antigo governante, atingir a neutralidade carbónica implica transitar de um modelo económico linear e sustentado em combustíveis fósseis para um modelo circular e neutro em carbono. Implica, igualmente, uma transformação profunda da sociedade como a conhecemos. “Este é um processo que comporta desafios, mas sobretudo oportunidades, e só com o contributo de todos será possível operar esta transição de forma justa e coesa”.

Total descarbonização do sistema eletroprodutor e da mobilidade

João Peças Lopes, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e diretor associado do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Fronteiras XXI, explorava que atingir a neutralidade carbónica em 2050 implica, a par do reforço da capacidade de sequestro de carbono pelas florestas e por outros usos do solo, a total descarbonização do sistema eletroprodutor e da mobilidade urbana, bem como alterações profundas na forma como utilizamos a energia e os recursos, apostando numa economia que se sustenta em recursos renováveis, utiliza os recursos de forma eficiente e assentando em modelos de economia circular, valorizando o território e promovendo a coesão territorial. No entender deste especialista, o setor energético – e o setor elétrico, em particular -, “têm pela frente grandes e urgentes mudanças que precisam de ser orientadas por políticas públicas esclarecidas que conduzam, em consequência, a alterações regulatórias e regulamentares ousadas que permitam promover as mudanças necessárias”.

Alterações climáticas, um fenómeno que já não é novo

Aliás, um trabalho desenvolvido por este instituto, publicado em março do corrente ano, elaborava que já na década de 1950 surgiam alertas para a possibilidade da existência de alterações climáticas, mas foi apenas com o passar das décadas que aquilo a que apelidam de “cenário apocalíptico” se foi tornando cada vez mais real. “Estamos a queimar demasiados combustíveis fósseis, a abater demasiadas árvores e a emitir demasiados gases de efeito de estufa, o que aumenta a temperatura do planeta”.

O artigo refere que a década de 2011-2020 foi a mais quente de que há registo, com um aumento de 1.1ºC acima dos níveis pré-industriais. “A urgência é máxima e a União Europeia quer evitar mudanças ambientais mais catastróficas”. Para isso, desenhou um conjunto de medidas com o objetivo de combater as alterações climáticas em várias frentes. Uma delas passa pela redução da emissão de gases poluentes através da limitação da utilização de combustíveis fósseis, preferindo em seu lugar energias limpas, ou renováveis.

Empresas têm papel relevante na transição energética

No entanto, o Business Council for Sustainable Development (BCSD) Portugal, associação sem fins lucrativos que agrega e representa mais de 130 empresas que se comprometem ativamente com a transição para a sustentabilidade, admite que, apesar dos esforços políticos para a concretização desta visão, “ainda não estamos no caminho certo para a neutralidade carbónica até 2050 e cabe às empresas tomar a responsabilidade de liderar esta jornada, a começar pelo cumprimento da meta de redução de 55% das emissões (face aos níveis de 1990) em 2030”. Para esta associação, a mobilização das empresas para a transformação necessária em todos os setores e geografias “é a única forma de evitar danos perigosos e irreversíveis para as pessoas e para o planeta”.

As consequências do aquecimento global

Mas qual a real urgência em atingir a neutralidade carbónica? A resposta centra-se no facto de que entre as principais atividades humanas que causam o aquecimento global e consequentemente as mudanças climáticas, a queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral e gás natural) para gerar energia, atividades industriais e transportes; conversão do uso do solo; agropecuária; eliminação de resíduos sólidos (lixo) e desmatamento são as principais atividades que emitem uma grande quantidade de CO² e de gases formadores do efeito estufa.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas, citado pela organização não-governamental WWF – World Wide Fund for Nature, afirma que há 90% de certeza que o aumento de temperatura na Terra está a ser causado pela ação do homem.

A partir da Revolução Industrial, as sociedades passaram a emitir quantidades significativas de gases de efeito estufa (GEE), em especial o dióxido de carbono. Neste período, a concentração original de 280 ppm4 deste gás cresceu até os atuais 400 ppm5, intensificando significativamente o efeito estufa. Assim, as atividades humanas passaram a ter uma considerável influência nas mudanças climáticas. Uma influência que, até agora, tem sido negativa, e que por isso é urgente alterar.

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