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Das fontes fósseis às energias renováveis

Das fontes fósseis às energias renováveis

A transição energética não se resolve com o simples e repentino abandono das fontes fósseis. Os analistas e players do mercado defendem que este processo deve, sobretudo, prever uma eliminação gradual e garantir a estabilidade, resiliência e eficiência das redes.

As metas são mais do que conhecidas: até 2030, as emissões globais relacionadas com o setor energético têm de reduzir 30% abaixo dos níveis de 2019. E 75% até 2040, isto se quisermos atingir o objetivo de zero emissões líquidas em 2050, um intuito definido no Acordo de Paris, assinado por 194 países e pela União Europeia.

Para isso, há que rapidamente reverter as recentes tendências: as emissões aumentaram 0,9% ao ano de 2015 a 2020. Basicamente, diz um relatório executivo da BloombergNEF, o setor da energia precisa de fazer um imenso progresso na próxima década, reduzindo as emissões em 57% em relação aos níveis de 2019 até 2030 e, em seguida, 89% até 2040. As emissões do transporte rodoviário devem cair 11% até 2030, depois 80% abaixo dos níveis de 2019 em 2040. Para a indústria e edifícios, são 16% e 12% até 2030 e 58% e 55% até 2040.

Neste documento, cada um dos cenários net-zero propostos descreve grandes transformações no fornecimento de energia primária, ou seja, uma fonte de energia que ainda não sofreu qualquer tipo de transformação. Hoje, cerca de 83% da energia primária são combustíveis fósseis, enquanto a energia eólica e solar fotovoltaica representam 1,3%. No denominado Cenário Verde proposto pela BloombergNEF, que prioriza eletricidade limpa e hidrogénio verde, o uso de energia primária eólica e solar cresce para 15% em 2030, 47% em 2040 e 70% em 2050, dividido em 62% eólica e 38% fotovoltaica. Já no Cenário Vermelho, a energia nuclear representa 66% da energia primária em 2050, em comparação com os 5% registados atualmente. Em contraste, o Cenário Cinza, em que o uso generalizado de captura e armazenamento de carbono significa que carvão e gás continuam a ser usados, os combustíveis fósseis diminuem apenas 2% ao ano para 52% do fornecimento de energia primária em 2050, com energia eólica e fotovoltaica a crescer para os 26%.

A questão é que a transição energética, para que uma produção de energia mais sustentável seja uma realidade, não se resolve com o simples e repentino abandono das fontes fósseis. Os analistas e players do mercado defendem que este processo deve, sobretudo, prever uma eliminação gradual e garantir a estabilidade, resiliência e eficiência das redes.

Eletrificação como instrumento de mudança

Neste contexto, são muitas as “vozes” que defendem a importância da eletrificação, tida como um instrumento de mudança, permitindo, em todos os setores, a substituição progressiva de tecnologias que usam combustíveis fósseis por tecnologias que usam eletricidade apenas de fontes renováveis. Uma atitude que irá ter um forte impacto na redução da poluição do ar nas cidades, mas também, e fruto da digitalização das redes, na eficiência energética, que desta forma melhorará significativamente.  

Assim, a gestão deste setor, no futuro, passará por encontrar uma forma de gerir a diferença diária entre a procura e a oferta. As estruturas eólicas e fotovoltaicas geram um desalinhamento entre a produção de energia e o seu consumo, tornando indispensável a aposta em sistemas de armazenamento de energia para garantir o fornecimento segundo a procura real. Ao mesmo tempo, os especialistas admitem que a substituição do carvão por outras fontes menos poluentes, como o gás natural, pode ser um aliado fundamental na transição energética.

Um documento publicado na plataforma Ensaio Energético admite que, nos próximos anos, o gás natural continuará a desempenhar um papel fundamental na geração de eletricidade, aquecimento e indústria, com as previsões a indicarem que a procura de gás diminuirá à medida que as novas energias renováveis aumentam a sua participação na matriz elétrica, e que o combustível será gradualmente substituído por alternativas gasosas verdes, como o hidrogénio. Uma substituição que, de resto, faz parte de programas de “estímulo verde” para reiniciar as economias após a crise do coronavírus – covid-19.

O papel do hidrogénio

Aliás, o hidrogénio pode ser usado como matéria-prima, combustível, portador de energia ou armazenamento, possuindo muitas aplicações possíveis em diferentes setores, como indústria, transporte, edifícios etc., emitindo pouco ou nenhum dióxido de carbono ou poluentes. “Por exemplo, o hidrogénio oferece uma solução para descarbonizar processos industriais e setores económicos de difícil abatimento de emissões de GEE e usos finais onde a eletrificação não é possível (por falta de infraestrutura ou soluções tecnológicas viáveis) ou economicamente competitiva”, lê-se no documento. Isso destaca o hidrogénio como requisito essencial para apoiar os compromissos de implementação do Acordo de Paris.

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