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Prémio de 750.000 euros é oportunidade para organizações sociais

Até 28 de novembro estão abertas as candidaturas ao Prémio Fidelidade Comunidade 2025. Desde 2017, a seguradora já investiu três milhões de euros de Prémio em 83 projetos sociais. Encontros regionais em Samora Correia e Vila Nova de Gaia reforçaram ligações da seguradora com o setor social.

O Prémio Fidelidade Comunidade tem este ano 750 mil euros para distribuir por organizações sociais que trabalham nas áreas do Envelhecimento, Prevenção em Saúde e Inclusão de pessoas com deficiência ou incapacidade. Até ao dia 28 de novembro estão abertas as candidaturas para a 6ª edição de um prémio que já veio equipar e reforçar as condições de 83 projetos de apoio social de 76 instituições, de norte a sul do país e ilhas. O enfoque nesta edição é para projetos que apostem em “parcerias e inovação”.

A relação da Fidelidade com as organizações sociais teve expressão no terreno com a realização de dois dias de encontros feitos de debates, workshops, networking e testemunhos.

Os Encontros Fidelidade Comunidade – Aproximar e Transformar Juntos tiveram lugar em Samora Correia e Vila Nova de Gaia, mostraram a estratégia de responsabilidade social da Fidelidade em ação: aproximar organizações, dar espaço à partilha de experiências, discutir desafios concretos e criar parcerias. “Acreditamos que, em comunidade, multiplicamos resultados e chegamos muito mais longe”, resumiu Teresa Ramalho, Manager de Responsabilidade Social da Fidelidade. Ao mesmo tempo, a seguradora quis incentivar candidaturas mais fortes, assentes em parcerias e em soluções sustentáveis, à 6.ª edição do Prémio Fidelidade Comunidade.

Desde 2017, o prémio já investiu cerca de três milhões de euros, com impacto em organizações de todo o país. Como sublinhou Mário São Vicente, Diretor de Responsabilidade Social da Fidelidade: “Não queremos ser só mais um prémio. Difícil não é fazer isto uma vez; difícil é fazer isto, bem, ao longo dos anos”. Para a Fidelidade, a Comunidade não se distingue pelos apoios e pelos prémios atribuídos, mas pela vontade de construir relações que durem. A reflexão serviu para sublinhar que a responsabilidade social não é só um gesto pontual, mas um compromisso que exige continuidade, escuta e presença no terreno.

Workshops de saúde mental e debate

Em Samora Correia, como em Gaia, o Encontro Fidelidade Comunidade tinha começado em modo informal: portas abertas ao meio-dia, boas-vindas, almoço e tempo para fazer ligações. A seguir, vieram os “workshops de capacitação com a assinatura da Manicómio – “Cuidar de quem cuida: saúde mental”, por Mónica Mateus, e “Aprender e apoiar mutuamente: coaching coletivo e parcerias”, dinamizado por Roberta Treno. A ideia era clara: antes de falar de projetos, falar e cuidar de pessoas.

Em Samora Correia, a segunda parte do programa trouxe o território para o centro do debate, com o painel “Inovação territorial no Ribatejo: parcerias e soluções para o território do futuro”, que juntou Tiago Pereira (Fundação Mendes Gonçalves), João Cascalheira (Incubadora de Inovação Social do Baixo Alentejo) e Paulo Gonçalves (Instituto Politécnico de Castelo Branco), com moderação de Felisbela Paulino, da Fidelidade.

Tiago Pereira apresentou a Fundação Mendes Gonçalves, nascida da vontade do fundador em “reinvestir parte dos dividendos na comunidade”, garantindo que o seu crescimento empresarial contribui para o desenvolvimento social da região da Golegã . Numa vila com três mil habitantes, a empresa emprega mais de 400 pessoas e quer ser um exemplo de “filantropia de proximidade”. Para o diretor da Fundação, o Ribatejo pode ser “um laboratório de políticas públicas que aproximem os serviços das pessoas”, num contexto em que a economia social continua “muito atomizada” e excessivamente dependente de financiamentos para ações pontuais.

O estereótipo do interior

Do Baixo Alentejo, João Cascalheira trouxe um alerta contra estereótipos: a ideia de que “no interior não há nada” revela-se falsa para quem conhece o terreno. O problema, explicou, não é a falta de iniciativas, mas a “falta de massa crítica” e as dificuldades de acesso a serviços, oportunidades e mobilidade. Para mostrar o poder das parcerias, apresentou a “Cozinha da Avó”, um projeto que juntou idosos com hortas e crianças das escolas em torno da cozinha tradicional alentejana. Neste encontro entre gerações criaram-se laços, identidade e apareceram novas iniciativas, como o movimento “Muda-te”, pensado para fixar jovens e valorizar o território. No final, o responsável deixou uma mensagem simples e forte: “Se nós não tivermos orgulho no que somos, no que fazemos e no nosso território, não conseguimos convencer ninguém a ficar ou a vir”.

Já Paulo Gonçalves trouxe o contributo da academia. No Instituto Politécnico de Castelo Branco, a tecnologia é colocada “ao serviço das pessoas, em particular dos idosos”, através de interfaces simples, jogos e robôs que promovem a estimulação cognitiva e a interação entre gerações. Num território disperso, “temos de ser criativos”, sublinhou, dando o exemplo do projeto co-criado com a Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão: nasceu de um problema concreto apresentado pela instituição e transformou-se numa solução escalável para outros lares.

Redes que se tornam soluções

Já no encontro de Gaia, o painel de debate foi sobre “Inovação territorial: colaborações e inovações a Norte”, moderado por Sofia Duarte, da Fidelidade, e trouxe para o palco as perspetivas complementares de uma incubadora, de uma organização social e da academia. Francisca Pais apresentou a IRIS – Incubadora Regional de Inovação Social, que atua em inovação, capacitação, educação e medição de impacto. A equipa coloca as pessoas em contacto e liga empreendedores, parceiros e especialistas em eventos, networking e encontros com investidores sociais. O objetivo é criar uma mentalidade colaborativa, para que os participantes “fiquem mais atentos à sua volta e a pensarem quem pode ser um parceiro”.

Prémio de 750.000 euros é oportunidade para organizações sociais

Do lado do terreno, Mariana Eugénio, do Centro Social do Soutelo, lembrou que a intervenção comunitária “pressupõe rede”, mas não é simples: há diferenças de interesses, assimetrias de poder e resistência à mudança. No Soutelo, “os próprios participantes” ajudam a afinar os projetos. O exemplo do Circo Elétrico, que cruza arte circense, objetivos sociais e parceiros diversos, mostra como competências como o equilíbrio emocional podem ganhar corpo em práticas artísticas – “não é só poético, é mesmo real”, afirma.

Já Filipe Pinto, da Universidade Católica Portuguesa, trouxe dados à discussão: os estudos mostram que as parcerias “têm vindo a aumentar no setor social, mas é preciso reforçar a sua qualidade”. No fecho, ficou o desafio de Francisca Pais: cada organização deve sair dali a pensar “num parceiro concreto e numa ação concreta” para fazer acontecer a colaboração.

O caso do Centro Paroquial do Estoril

O testemunho de Mariana Formigal, Diretora de Ação Social do Centro Paroquial do Estoril (CPE), foi um dos pontos altos dos dois encontros. “Pode parecer estranho estar aqui alguém do Estoril”, afirmou, antes de sublinhar o paradoxo social daquele território: “Cascais é o terceiro município do país com maiores desigualdades na distribuição do rendimento”, explicou. Com cerca de 230 colaboradores, o CPE intervém em várias áreas e, só em 2024, apoiou 911 pessoas em privação material e distribuiu 103 toneladas de alimentos. “É assustador ver que ainda há tantas pessoas a necessitar de alimentos”, afirmou.

Prémio de 750.000 euros é oportunidade para organizações sociais

Encontro Fidelidade Vila Nova de gaia @JoseGageiro/ShootHappens

Apesar do impacto, o CPE não tem acesso a vários apoios públicos por estar localizado no Estoril, o que dificulta a ação. A relação com a Fidelidade revelou-se determinante: “Não ganhámos o prémio mas isso não foi impeditivo de criarmos uma relação próxima e consistente com a Fidelidade.” Graças a esta colaboração, o CPE reforçou apoios e desenvolveu iniciativas de saúde mental. “Acredito mesmo que é nestas relações que conseguimos transformar realidades”, realçou.

Prémio: “parcerias e inovação são essenciais”

Nos dois encontros, Teresa Ramalho apresentou a 6.ª edição do Prémio Fidelidade Comunidade. O prémio, explicou, “é uma forma concreta de promover a sustentabilidade das organizações sociais”, apoiando intervenções nas áreas do Envelhecimento, Prevenção em Saúde e Inclusão. Todas as edições são distribuídos 750 mil euros, mas o impacto vai muito além do financiamento: “A inclusão na nossa comunidade é um dos fatores mais ricos deste prémio. Acreditamos que, em comunidade, multiplicamos resultados”, destacou Teresa Ramalho. “As candidaturas ajudam- nos a perceber melhor o terreno”, refere a responsável. A equipa acompanha todo o processo de implementação de cada projeto. Nesta edição, reforçaram- se dois critérios-chave: sinergias e inovação. “Parcerias e inovação são essenciais: sinergias, sinergias, sinergias”, disse, num apelo direto a projetos que cresçam em rede e deixem impacto duradouro.

Proximidade, continuidade e comunidade

Ao juntar fundações, IPSS, incubadoras, universidades e financiadores à mesma mesa, a Fidelidade reforça a ideia de que a responsabilidade social se faz em relação contínua. É precisamente esse compromisso de continuidade — financeira, humana e relacional — que o Prémio Fidelidade Comunidade procura garantir, para que, em todo o território, da Fidelidade se faça, cada vez mais, Comunidade.