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Casa Maria José: um oásis de inclusão na Beira Alta

A 20 quilómetros de Vilar Formoso, em Cabreira do Côa, a Associação Sócio Terapêutica de Almeida (ASTA) faz 25 anos a transformar a vida de pessoas com deficiência. Com o apoio da Fidelidade, a Associação abriu ainda mais as portas ao mundo, com um projeto inclusivo de turismo social onde os “companheiros” são guias, anfitriões e professores.

É no meio dos pinheiros, carvalhos, giestas e blocos de granito que vive a ASTA – Associação Sócio Terapêutica de Almeida, um “oásis de inclusão social” plantado no interior beirão. Fundada em 1998 por Maria José Dinis da Fonseca, a ASTA apoia hoje 44 pessoas com deficiência mental ou multideficiência. Aqui não há “utentes”, há “companheiros”. A fundadora explica: “São companheiros porque com eles caminhamos, com eles aprendemos — eles ensinam-nos tanto como nós os ensinamos”. Ao longo de 25 anos, a associação construiu um centro de atividades e capacitação, residências e um lar, ateliers, uma pequena quinta e uma cozinha comunitária. “Fomos construindo o sonho: as casas, os ateliers, a estrutura física, mas também tudo o que é social — a participação, a cidadania, o dizer ‘estamos aqui, fazemos parte desta sociedade’”, sublinha Maria José.

Companheiros, ofícios e futuro

Nos ateliers, o dia vai avançando ao ritmo do trabalho do barro, da lã e da madeira. A Milene sorri enquanto fala com os companheiros do que a entusiasma: “O que mais gosto é de aprender a ser uma boa guia turística”.

O companheiro António Matias enumera, com orgulho, as atividades em que participa: “Gosto de agricultura, olaria, carpintaria, e desporto. Agora estou a aprender a fazer peças de barro — fruteiras, pratos, tigelas e talhas”.

Casa Maria José: um oásis de inclusão na Beira Alta

Para os monitores, que cuidam dos companheiros e orientam as atividades, o desafio é diário. Luís Fonseca, presidente da Junta, e um dos colaboradores mais antigos, resume assim: “Cada dia é diferente. Surgem dificuldades novas, situações novas, formas diferentes de estar com os nossos companheiros. Esse desafio permanente é o que me faz continuar.”

Também a monitora Filomena Monteiro descreve o que a move neste trabalho : “O que me motiva são os companheiros: trabalhar com eles lado a lado e ver a evolução diária. Todos os dias há sorrisos, desafios e abraços. No fim do dia sinto que a missão é cumprida”, conta.

Para Maria José, o balanço destes 25 anos “é profundamente positivo”. “Valeu a pena. Foi uma caminhada de descoberta e de desafio constante”.

Uma instituição que é aldeia

Por vocação, a ASTA está profundamente integrada na vida de Cabreira do Côa. “A nossa integração na aldeia da Cabreira deve-se muito à nossa forma de trabalhar: criamos pontes entre os projetos de vida das pessoas com deficiência a vida e recursos da comunidade”, descreve Helena Alves, diretora-executiva da associação.

Nos ateliers e nas atividades recuperam-se artes e memórias antigas — o ciclo completo da lã, a olaria, as histórias das aldeias — e devolve-se vida à comunidade sob a forma de visitas, oficinas e encontros. Helena Alves lembra que o aumento das necessidades de integração levou ao crescimento da comunidade, o que obrigou a uma profunda reorganização interna da ASTA: “Em 25 anos aumentou muito a população que apoiamos e foi necessário construir pontes entre o passado e o presente para estarmos preparados para o futuro”.

Quando o turismo é inclusão

Do encontro entre território, comunidade e inclusão nasceu também o projeto “Contigo à Descoberta”, um programa de turismo social e de natureza, que ganhou o Prémio Fidelidade Comunidade em 2021. Neste projeto, os companheiros são guias, anfitriões e contadores de histórias. Como nos conta Helena Alves: “Este é um projeto de turismo social inclusivo onde capacitamos pessoas com deficiência para conduzirem os visitantes a conhecer a região e a revisitar práticas artesanais”.

Neste programa, os guias estão no centro, como explica Anémone Leton, coordenadora do projeto: “São os protagonistas das atividades que propomos. Este ano recebemos mais de 200 visitantes e realizámos 20 experiências, pelo que ultrapassámos largamente o objetivo inicial do projeto.” Mas mais do que com números, o impacto mede-se nas pessoas: “Neste projeto construímos verdadeiras pontes de empatia com todos os que nos visitam. E isso é extraordinário”.

A parceria que “dá colo”

O apoio da Fidelidade Comunidade foi decisivo para fazer este projeto avançar — e para lhe dar continuidade. “Quando o ‘Contigo à Descoberta’ foi selecionado, foi uma lufada de ar fresco, um impulso no que queríamos fazer e em que encontrávamos dificuldades”, recorda Maria José Fonseca. “A Fidelidade acreditou em nós, e só esse acreditar já foi transformador”, realça a fundadora da ASTA. Para Helena Alves, o papel da seguradora é fundamental: “A Fidelidade tornou-se um parceiro imprescindível. Começou com o financiamento de um projeto e, ao acompanhar o nosso trabalho, percebeu a sua complexidade. E tem estado presente nos momentos bons e, sobretudo, nos maus. Tem sido o colo de que precisamos”, refere.