Em Portugal, o acesso aos cuidados de saúde é universal, sem custos ou com o pagamento de taxas moderadoras simbólicas. Contudo, nos últimos anos os problemas no Serviço Nacional de Saúde agravaram-se, sendo, muitas vezes, difícil agendar uma simples consulta de rotina, já para não referir os tempos de espera nas urgências hospitalares.
Perante este cenário, o número de portugueses que considera contratar uma proteção complementar tem crescido ao longo dos últimos anos. De acordo com dados divulgados pela Associação Portuguesa de Seguradores (APS), em outubro de 2024 mais de quatro milhões de pessoas tinham seguros ou planos de saúde, um aumento de aproximadamente um milhão de subscritores face ao ano de 2023.
Apesar disso, não existem dados sobre quantas destas pessoas têm, de facto, um seguro de saúde, e quantas dispõem apenas de um plano de saúde. Seguros e planos de saúde são frequentemente confundidos, mas têm diferenças significativas nas garantias.
Um seguro de saúde cobre parte das despesas médicas, assumindo o risco de custos associados à saúde. Normalmente inclui internamentos, consultas e exames, e pode ter exclusões e limites de idade. O prémio mensal pago pelo segurado dá acesso a uma rede de prestadores (médicos, clínicas, hospitais, centros de diagnóstico, etc.), mas é igualmente possível escolher outros prestadores fora da rede. Neste caso, o segurado pagará a totalidade da despesa, e será posteriormente reembolsado numa percentagem predefinida pela seguradora, e que pode ir até aos 60%.
Entre as vantagens do seguro de saúde destacam-se a possibilidade de personalização e da escolha de coberturas que mais se adequem às necessidades de cada pessoa, mas também a dedução das despesas com o prémio no IRS. Já entre as desvantagens está o aumento do prémio mensal à medida que envelhece, e o facto de nem sempre estarem cobertas as doenças preexistentes. Existem ainda períodos de carência, durante os quais nem todas as coberturas estão ativas, franquias (valor de copagamento a cargo do segurado em alguns atos médicos), e plafonds (limite máximo para cada cobertura), situações que deverá analisar e confirmar antes de escolher um seguro.
Já um plano de saúde oferece apenas descontos em serviços, em que o cliente paga valores reduzidos, sem restrições de idade. As garantias incluem descontos em consultas e tratamentos ambulatórios, raramente cobrindo internamentos, além de não poder usufruir de benefícios fora da rede de prestadores convencionada. Esta rede é, por norma, mais reduzida do que nos seguros de saúde.
Em resumo, o seguro oferece cobertura ampla e proteção completa, enquanto o plano de saúde é mais económico, mas limitado. Ainda assim, antes de escolher avalie as coberturas e os custos para tomar a melhor decisão, e escolha sempre com base nas suas necessidades ou nas do agregado familiar.