Nasceu no Porto, em 1918, sob o nome de Farmácia Flôres e Couto, mas desde 1931 que tem o nome pela qual é conhecida até hoje. A Couto, primeiro Limitada e agora SA, é uma empresa tradicional e familiar, que faz parte, há décadas, dos hábitos de higiene e de cuidado pessoal de muitos portugueses.
Publicado em 12 de Agosto de 2022 às 17:00 | Por Cofina Boost Content
- Fábrica em Vila Nova de Gaia;
- Loja-Museu na Rua de Cedofeita, Porto;
- Exportação: 10% da facturação;
- 11 colaboradores;
- Volume de negócios: 1 milhão de euros (2021).
O ano 1932 é um marco na história da empresa Couto. Foi quando o seu administrador e gerente da farmácia, Alberto Ferreira Couto, se juntou a um amigo, dentista, que o desafiou para criar uma pasta dentífrica. No entanto, a ideia foi mais além: o dentista sugeriu que se incluísse clorato de potássio nessa pasta, para ajudar a combater as infeções das gengivas. Assim foi criada a famosa “Pasta Medicinal Couto”, que rapidamente se tornou o produto mais conhecido da casa.
A procura foi tanta que a produção teve de aumentar. A partir de um rés do chão que a farmácia ocupava no Largo de São Domingos, no Porto, a Couto foi precisando de mais andares do prédio, com a produção da pasta a acabar por ocupar todo o edifício, com pisos específicos para cada actividade, desde a fabricação ao embalamento.
A pasta Couto é uma referência que dura até aos dias de hoje, sempre com a fórmula inalterada. No entanto, teve de sofrer uma alteração, de nome, em 2001, para seguir as diretrizes comunitárias que impunham limitações na utilização do adjectivo “medicinal”. Passou a ser “Pasta Dentífrica Couto”, caindo a classificação “medicinal”. Na base do sucesso da marca estiveram sempre “o design original aliado às embalagens retro dos produtos, que deixaram uma marca na sociedade portuguesa do século XX, isto associado aos originais anúncios e spots televisivos, que rapidamente trouxeram uma incrível fama nacional”, refere Alexandra Gomes da Silva, administradora da Couto SA.
Na base do sucesso da marca estiveram sempre o design original aliado às embalagens retro dos produtos, que deixaram uma marca na sociedade portuguesa do século XX, isto associado aos originais anúncios e spots televisivos, que rapidamente trouxeram uma incrível fama nacional.
Um bom exemplo da utilização inteligente do design e da criatividade são os produtos Olex, criados para cuidar do cabelo, e que continuam a ter produção e venda nos dias de hoje. Lançados na década de 60, o Restaurador Olex e o Petróleo Olex, devido aos seus anúncios, fazem parte do imaginário de todos os portugueses que viam televisão nos anos 80. A sua publicidade, marcante na época, referia que “um preto de cabeleira loira ou um branco de carapinha, não é natural. O que é natural e fica bem é cada um usar o cabelo com que nasceu”. Uma campanha que se manteve na memória de quem a viu. Afinal, quem não queria deixar de ter cabelos brancos ou impedir a sua queda? Mas voltemos à história desta marca, que não se faz apenas de Olex e de pasta medicinal Couto.
Em 1974, depois do falecimento de Alberto Ferreira Couto, a marca continuou na família, pela mão do seu sobrinho, Alberto Gomes da Silva. Nascido cinco anos após a invenção da pasta dentífrica, começou por trabalhar na empresa ainda jovem, para ocupar as férias de verão, e depois, a tempo inteiro, quando completou 17 anos de idade. Em 2004, a empresa mudou de instalações, do Largo de São Domingos para o complexo industrial da UTIC, em Vila Nova de Gaia. Em 2016, Alberto Gomes da Silva traz para a empresa Alexandra Gomes da Silva, atual administradora. Juntos, iriam revitalizar a marca. Assim, “nos últimos anos a marca Couto tem vindo a ser relançada. Temos introduzido novos produtos, de que o mais recente é a ‘Pasta Dentífrica Couto Com Flúor’, criada para atender ainda melhor às necessidades de saúde oral dos nossos consumidores”, refere a responsável.
Um marco deste renascimento foi a comemoração dos 100 anos da marca. Nesse âmbito, foi inaugurada, em 2018, uma loja na Rua de Cedofeita, na cidade do Porto. Com o mote “uma história de sorrisos”, a loja, com fortes valores de design “retro”, em conformidade com a imagem dos produtos e dos anúncios que sempre os acompanharam, foi premiada pela Associação Portuguesa de Museologia na categoria “Inovação e Criatividade” e obteve também uma Menção Honrosa na categoria “Marketing e Merchandising Cultural” pelas mãos da mesma associação. Um reconhecimento a um local que passou a ser a montra física da Couto e onde é possível encontrar os produtos mais icónicos, mas também os mais recentes.
O creme desodorizante, o creme hidratante e o creme de mãos, são alguns exemplos de produtos de cuidado corporal que têm sido desenvolvidos e lançados nos últimos tempos. A barba e os cuidados que ela inspira também tiveram direito a produtos específicos, com o lançamento de um creme de barbear e um after shave, assim como um champô e um óleo condicionador. O centenário da Couto foi ainda ocasião para lançar uma Linha “Premium”, com um sabonete 100% vegetal, um gel de banho em creme e uma água de colónia. Os coffrets em caixas de metal, com imagens antigas, com estes produtos e a icónica pasta dentífrica, também fazem parte da edição comemorativa dos 100 anos da Couto.
Nos últimos anos a marca Couto tem vindo a ser relançada. Temos introduzido novos produtos, de que o mais recente é a ‘Pasta Dentífrica Couto Com Flúor’, criada para atender ainda melhor às necessidades de saúde oral dos nossos consumidores.
Quando tudo parecia andar sobre rodas, chegou a pandemia de Covid-19. A Couto, no entanto, esteve à altura do desafio. Primeiro, lançando um álcool gel. O Desinfectante Couto, em gel de base alcoólica com 70% de álcool etílico foi lançado com três tamanhos diferentes, em frascos com a imagem da marca. Mas, para que os produtos chegassem a todas as pessoas, era preciso apostar no online, uma vez que o comércio estava fechado. Assim, no site da marca, nasceu em maio de 2020 a Loja Online Couto, que lançou novos produtos, como máscaras sociais de proteção com imagens de antigos anúncios da marca, caixas para guardar as máscaras, lenços de cetim, sacos de algodão ou escovas de dentes feitas de bambu.
Com o passado muito presente, e sendo a tradição uma parte importante da imagem da Couto, a marca posiciona-se cada vez mais no mercado vintage, uma tendência em claro crescimento nos dias de hoje, e que abrange tanto o pequeno comércio como o mercado de luxo. Assim, a Couto vai marcando presença em pequenas drogarias e farmácias, mas também nos produtos de casa de banho de hotéis sofisticados.
Com uma pequena equipa, de 11 colaboradores, a marca tem instalações modernas, com máquinas que permitem a produção anual de 600.000 embalagens de pasta dentífrica Couto. Mas, neste momento, já não chega. A procura pelos produtos Couto, tanto ao nível nacional como internacional (as exportações constituem 10% do seu volume de faturação), assim como o crescimento da gama de produtos, fizeram com que a marca considere ser necessário mudar de instalações. Mas a pandemia, em primeiro lugar, e depois a guerra na Ucrânia atrasaram este processo. No entanto, a produção não para e “as pessoas que trabalham na Couto, vestindo a camisola, algumas há mais de três décadas, são cruciais para continuarmos a oferecer produtos de grande qualidade”, afirma Alexandra Gomes da Silva.
As pessoas que trabalham na Couto, vestindo a camisola, algumas há mais de três décadas, são cruciais para continuarmos a oferecer produtos de grande qualidade.
As futuras instalações estão a ser pensadas de forma a serem mais eficientes do ponto de vista energético. O cuidado com o ambiente faz parte das regras da casa, com a utilização de material reciclável nas embalagens ou a continuação da utilização do alumínio nas bisnagas das pastas dentífricas. São passos que se vão dando numa empresa com mais de 100 anos, mas que se mantém atualizada e se esforça – seja através da imagem e da qualidade dos produtos, seja através da aposta na automatização, qualidade e qualificação da equipa – por lançar produtos que melhoram o dia a dia das pessoas. A razão para tudo existir.
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