Há em Portugal e no Brasil, um conjunto de unidades hoteleiras em que a sustentabilidade é um valor-base. No Grupo Vila Galé, a operar há quase quatro décadas, procura garantir-se que o futuro é uma realidade construída por todos.
Publicado em 25 de Julho de 2022 às 17:05 | Por Cofina Boost Content
Fundado em 1986
37 hotéis em Portugal e no Brasil
3.500 colaboradores
197 milhões de euros em volume de negócios (2019) Áreas de negócio: hotelaria; restauração; agricultura; imobiliário; wellness
Em maio de 1986, Jorge Rebelo de Almeida, José Silvestre Salvador, e José Ruivo constituem a sociedade que dá início à construção do primeiro hotel Vila Galé, que vem a abrir exatamente dois anos depois. Situado na praia da Galé, em Albufeira, no Algarve, esta unidade deu origem ao nome do grupo e, por isso, mais recentemente, ganhou o nome de Vila Galé Atlântico, para se distinguir dos demais hotéis do grupo.
A ideia de dar início a um projeto na área da hotelaria partiu de Jorge Rebelo de Almeida, atual presidente do conselho de administração do grupo. Ao terminar o curso de Direito, e depois de trabalhar como consultor jurídico no Ministério de Obras Públicas, começou a exercer advocacia direcionada para questões relacionadas com a construção civil e o turismo, pelo que o passo seguinte, de criar o seu próprio projeto na área, surgiu de forma bastante natural. Nessa altura, juntam-se a ele, como sócios, dois amigos, donos da empresa de carnes Fricarnes, iniciando-se o desenvolvimento deste grupo hoteleiro de referência.
No início dos anos 90, decorre a primeira fase de expansão com novas unidades no Algarve. Já no final dessa década, a Vila Galé “sobe” para Cascais, Estoril e Porto. Passados 34 anos: “Em Portugal, temos hoje em funcionamento 27 hotéis dispersos pelas diferentes regiões turísticas, sendo que apenas nos estava a faltar a presença nos Açores, que iremos concretizar em 2023 com a abertura de um hotel em Ponta Delgada: o Villa Galé Collection São Miguel”, revela Gonçalo Rebelo de Almeida, atual administrador do grupo. Esta próxima unidade é o resultado de uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada e vai transformar um antigo hospital num hotel temático de quatro estrelas.
A expansão para o Brasil tinha-se iniciado já em 2001, em Fortaleza. Vinte anos depois, têm já nove hotéis em seis estados diferentes: Cumbuco, Touros, Cabo, Salvador, Mares, Angra, Rio de Janeiro e Paulista. A mais recente unidade abriu em Alagoas, na praia de Carro Quebrado, a 40 minutos de Maceió, numa das zonas litorais mais procuradas daquele país. É, aliás, o maior resort “tudo incluído” do Estado de Alagoas.
Nesta fase, não pretendemos expandir mais para outros negócios, mas vamos manter a aposta na área dos vinhos e azeites. Lançámos mais uma marca de vinhos do Douro, a Val Moreira, na quinta que foi adquirida em 2019, e estamos a preparar um novo projeto, para a região de Ponte de Lima, que irá produzir vinhos verdes e que deverá ser lançado em 2024.
Hoje em dia, o grupo tem “diferentes tipos de produtos: hotéis de praia, de cidade, e do campo e serra, divididos em duas marcas: Vila Galé e Vila Galé Collection”, explica Gonçalo Rebelo de Almeida. “A marca Collection surgiu em 2013 com o Palácio dos Arcos, em Paço de Arcos, e hoje integra seis unidades. São “boutique-hotéis”, de menor dimensão, com serviço mais personalizado e, na sua maioria, resultado da recuperação de património histórico”, continua. A entrar na década de 20 do séc. XXI, inauguram o agroturismo Vila Galé Douro Vineyards, em que entraram numa outra fase de expansão do seu negócio: a produção de vinho.
Acompanhando os resultados positivos do negócio, a empresa tem vindo a expandir a atividade, desenvolvendo novos hotéis em várias regiões de Portugal, numa política que se tem traduzido num permanente reinvestimento. Além do hotel de Ponta Delgada, em março deste ano anunciaram a construção de mais três hotéis em território nacional, com o objetivo de estarem operacionais em 2023. São eles: o Vila Galé Collection Tomar (que irá reabilitar várias áreas do antigo Convento de Santa Iria e do Colégio Feminino); o Vila Galé Nep Kids, em Beja (um hotel “onde os adultos só entram se forem acompanhados por crianças”, conforme consta da sua apresentação); e o Vila Galé Monte da Faleira, também em Beja.
Este reinvestimento dos resultados faz parte de um conjunto de políticas que pretende olhar para a existência do grupo a longo prazo, tal como a existência de um rigoroso controlo de custos e um nível de endividamento baixo, a formação e motivação das equipas, bem como a apresentação constante de novos produtos e serviços.
A pandemia, que dominou o mercado mundial nos últimos dois anos, foi o desafio mais recente para o Grupo Vila Galé, já que pertence a um setor que esteve praticamente sem atividade e sem receitas durante este período. De qualquer forma, a tendência parece estar a inverter-se e o turismo está a recuperar para valores pré-pandémicos. “Os sinais continuam a ser promissores e o crescimento do turismo e das viagens à escala global terá tendência para se manter, havendo o grande desafio de conseguirmos ser mais sustentáveis do ponto de vista ambiental e social, reduzindo os impactos”, diz Gonçalo Rebelo de Almeida.
Fizemos várias reflexões quanto aos possíveis destinos e tipos de hotel a desenvolver, e a grande conclusão é que iremos continuar a apostar em Portugal e Brasil, desenvolvendo mais produtos da linha Collection. Cabo Verde, Moçambique, S. Tomé e Espanha poderão ser os novos destinos.
Em entrevista, o administrador do Grupo Vila Galé refere que têm um plano ambicioso de adoção de medidas para a redução do impacto e da pegada ambiental, como uma maior digitalização de processos; redução dos consumos de papel e plástico; utilização de fontes de energia limpa; redução dos consumos energéticos; redução do desperdício alimentar; e redução do consumo de proteína animal. “Temos vindo a trabalhar em soluções para reduzir os consumos energéticos (gás, eletricidade) e de água, com substituição de equipamentos com consumos mais elevados; instalação de painéis fotovoltaicos em algumas unidades; substituição de lâmpadas de LED; redução dos caudais e aproveitamento de águas pluviais; e a rega inteligente. E temos também procurado estabelecer uma cultura de poupança entre os clientes e colaboradores, nomeadamente incentivando gestos que também fazemos nas nossas casas, como fechar a luz e o ar condicionado em espaços não utilizados”, enumera Gonçalo Rebelo de Almeida. Mas vai mais longe: “Mais recentemente, começámos a trabalhar na digitalização de processos, substituindo o uso de papel, quer com o cliente, quer em processos internos. E temos vindo a trabalhar na redução do plástico: em vez dos pequenos frascos de gel e champô, temos dispensadores nos quartos. São oito toneladas de plástico poupadas todos os anos”, garante.
Sentem que, da parte dos clientes, sobretudo dos mais novos, já há uma maior preocupação com o ambiente e com a sua pegada ecológica, mesmo em férias. De qualquer forma, os responsáveis pelo grupo chamam também a si a responsabilidade de incentivar práticas mais sustentáveis, num trabalho de educação/formação, que tem a ver com hábitos como a troca de lençóis e toalhas, que se deve aproximar também das que são as nossas rotinas em casa (por exemplo, o não serem trocadas diariamente). “É um consumo de recursos do planeta e, claro, pesa nos nossos custos, mas tudo tem impacto global”, refere.
A alimentação também tem sido alvo de alterações, de forma a alinhar as práticas do grupo com esta cultura de sustentabilidade, nomeadamente na atenção ao desperdício alimentar e com a proposta de uma carta “green and fresh”, mais à base de vegetais, legumes, sopas e batidos, sem proteína animal. A ideia é, numa abordagem positiva, apresentar propostas aos clientes mais saudáveis e com menos proteína animal.
Mas nem só de hotéis vive o Grupo Vila Galé, pois, tal como já foi referido, iniciaram-se na produção de vinhos e azeites, com a constituição da empresa e lançamento da marca Santa Vitória, em 2002. Há dois anos lançaram uma edição limitada, com o chef Vítor Sobral, de 998 garrafas numeradas de um vinho produzido a partir das castas Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah e Cabernet Sauvignon, e de 596 garrafas, feito com Arinto e Chardonnay. Já este ano, numa aproximação ao público infantil, lançaram uma bebida sem álcool para crianças, feita com sumo de uva: a Nep Bubbles, à venda em exclusivo nos hotéis Vila Galé.
Na Herdade da Figueirinha – Hotel Vila Galé Clube de Campo, em Beja –, também aliaram o agroturismo, a gastronomia e a hotelaria, com agricultura e atividades ao ar livre. “Nesta fase, não pretendemos expandir mais para outros negócios, mas vamos manter a aposta na área dos vinhos e azeites. Lançámos mais uma marca de vinhos do Douro, a Val Moreira, na quinta que foi adquirida em 2019, e estamos a preparar um novo projeto, para a região de Ponte de Lima, que irá produzir vinhos verdes e que deverá ser lançada em 2024”, revela Gonçalo Rebelo de Almeida.
Para os próximos 30 anos, a ideia é continuar a crescer de forma sustentada, com produtos mais exclusivos e diferenciados, com menos impacto no ambiente e promovendo o bem-estar e melhoria das condições de vida das nossas equipas.
Entretanto, a decisão sobre o caminho a seguir na expansão do negócio de hotelaria tornou-se particularmente premente após a pandemia. Segundo o administrador do Vila Galé, “fizemos várias reflexões quanto aos possíveis destinos e tipos de hotel a desenvolver, e a grande conclusão é que iremos continuar a apostar em Portugal e Brasil, desenvolvendo mais produtos da linha Collection. Cabo Verde, Moçambique, S. Tomé e Espanha poderão ser os novos destinos.”
Quando a realidade de um grupo como o do Vila Galé é composta por unidades em localizações tão diversas, um dos desafios é a criação de uma cultura de referência. Por um lado, cada hotel tem a sua personalidade, que se integra nas características dos serviços e do edifício, e na região em que se insere. Por outro, existe um conjunto de padrões comuns às unidades, nomeadamente no fornecimento de equipamentos, jogos de cama e têxteis, por exemplo. A disseminação da cultura de grupo é feita através de intercâmbio de colaboradores e de um plano de formações internas. Há uma política de proximidade entre a administração, a direção e as funções operacionais: “Não temos muitos níveis hierárquicos. Acreditamos no liderar pelo exemplo e em estar próximos das pessoas e isso ajuda a disseminar o espírito do grupo do ponto de vista da cultura e das atitudes”, confirma o responsável. E conclui: “Para os próximos 30 anos, a ideia é continuar a crescer de forma sustentada, com produtos mais exclusivos e diferenciados, com menos impacto no ambiente e promovendo o bem-estar e a melhoria das condições de vida das nossas equipas.”
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