Em 1945, Manuel de Almeida Jorge, mestre artesão de calçado, começou a produzir sapatos de alta qualidade, feitos à mão na sua oficina, em São João da Madeira. 78 anos depois, e sempre no mesmo local, a Mariano Shoes continua a produzir calçado de luxo, mas que chega agora a clientes exigentes, em todo o mundo, através dos canais digitais.
Publicado em 20 de Janeiro de 2023 às 17:16 | Por Cofina Boost Content
- Fundada em 1945 em São João da Madeira;
- Fabrico e comercialização de calçado;
- 32 colaboradores;
- Fábrica e escritórios em São João da Madeira e Lisboa;
- Presença em vários países, através dos canais digitais.
A Mariano nasceu da iniciativa e capacidade empreendedora de Manuel de Almeida Jorge, seu fundador. Apesar da pouca instrução e das suas origens humildes, o fundador da Mariano ambicionava uma vida melhor. Como era um excelente artesão, profundo conhecedor da arte de fazer sapatos, em 1945 decidiu abrir, em São João da Madeira, uma pequena oficina para produzir sapatos. “Para iniciar o negócio, contou com a colaboração da sua esposa, também ela uma excelente artesã na área da costura, e com um dos seus três filhos. Os outros dois iriam juntar-se à empresa mais tarde. E foi a alcunha da família – “Os Marianos” – que serviu para batizar os sapatos que produzia”, recorda Fátima Oliveira, atual diretora executiva da Mariano Shoes.
A Mariano iniciou a sua atividade num pequeno anexo ao lado da habitação do fundador. Na altura, todo o processo de fabrico era manual. Como o negócio ia prosperando e ia aumentando o número de colaboradores, a família lançou-se na construção de uma pequena unidade fabril, concluída em 1960 e que foi um marco importante de um trajeto de sucesso, que perspetivava um futuro promissor. O objetivo era conquistar o mercado nacional de sapatos de homem de alta qualidade. Conforme refere Fátima Oliveira: “Para isso contava com os seus atributos de sempre – conhecimento, utilização de materiais de grande qualidade e conforto e um processo de fabrico que contava com grandes artesãos. Estas qualidades, que rapidamente lhe foram reconhecidas, permitiram aos sapatos Mariano ter acesso às melhores lojas do país.”
Em 1987, ampliam-se as instalações e inicia-se o projeto de internacionalização, com a introdução de novos equipamentos, “mas sempre com a componente da grande qualidade e do fabrico à mão, que se tinha tornado na imagem de marca da Mariano”, afirma a atual diretora. Esta ideia é reforçada por Ângela Oliveira, designer da Mariano: “Damos uma grande ênfase à componente artesanal dos nossos produtos e temos orgulho em contar com verdadeiros artesãos na nossa equipa. Mantemos na nossa unidade produtiva bastantes operações que são feitas exclusivamente à mão e é essa característica que nos diferencia das restantes empresas do setor.”
Na Mariano, passámos 78 anos a aperfeiçoar o nosso processo, de forma que cada cliente possa receber um par de sapatos que adore.
Numa empresa dedicada ao fabrico de produtos de luxo, a atenção aos recursos humanos e à qualidade da equipa são sempre fundamentais. “São os nossos artesãos que aplicam todo o seu conhecimento, paixão e dedicação em cada sapato que produzem. Por isso, tentamos que se sintam como parte integrante deste processo, para que possamos fazer chegar aos nossos clientes sapatos com alma e com história”, sublinha Fátima Oliveira. “Somos uma empresa tradicional com o futuro em mente”, resume a responsável. O que significa que operações fundamentais do processo de fabrico, como o corte, a costura e a montagem, continuam a ter uma forte componente manual. Para culminar no acabamento, onde tudo se junta. “A pátina é aplicada e cada sapato é cuidadosamente acabado e meticulosamente examinado. Nasce uma obra-prima criada de forma única e individual”, resume Fátima Oliveira.
Este foco na qualidade teve sempre como consequência natural uma preocupação de sustentabilidade. Desde logo pela durabilidade e reparabilidade dos produtos da Mariano. Depois através de processos de fabrico “par a par”, que minimizam desperdícios e incentivam o reaproveitamento. Mais recentemente, as preocupações de sustentabilidade estenderam-se às embalagens feitas com materiais recicláveis, ao consumo de energia (totalmente vinda de fontes renováveis) e à escolha de fornecedores em função de critérios e performances ambientais. “A Mariano produz calçado único, com história e com a consciência máxima do impacto no meio ambiente. Hoje, mais do que nunca, a sustentabilidade faz parte dos nossos valores, que regem cada desenvolvimento, cada criação e cada par de sapato produzido”, resume a diretora executiva.
Para a Mariano, foi sempre importante a valorização da marca. E desde 2019 que a empresa tem vindo a levar a cabo uma série de iniciativas que visam reforçar a promoção da marca no mercado nacional e internacional. “Com este objetivo reforçámos a nossa presença digital, quer através de site próprio, quer através da presença em ‘marketplaces’; reforçámos as nossas campanhas de marketing digital para o mercado nacional e internacional; abrimos a nossa primeira loja física em Lisboa; e criámos parcerias com lojas de referência no mercado”, enumera Fátima Oliveira.
Mantemos na nossa unidade produtiva bastantes operações que são feitas exclusivamente à mão e é essa característica que nos diferencia das restantes empresas do setor.
Neste contexto, o prestígio e o reconhecimento da qualidade da marca Mariano têm permitido entrar em diversos mercados como França, Alemanha, Estados Unidos, Espanha, Suíça, Inglaterra e Angola. E quem são os clientes da Mariano? “Os nossos clientes são todos os que apreciam produtos de qualidade e conforto”, afirma a responsável máxima pela empresa. No entanto, refere, “tradicionalmente os clientes da Mariano são homens na faixa etária acima dos 35 anos”. “Entre os nossos clientes fiéis estão personalidades políticas, executivos, administradores e pessoas da classe média-alta em geral”.
Todavia, a empresa não está parada no tempo. Em 2020, pela primeira vez, a marca lançou linhas de calçado feminino.
Mais recentemente, e como todo o setor do calçado, a Mariano sofreu com a pandemia, que provocou uma grande quebra na aquisição de calçado no mercado nacional e internacional. Em 2021, a tendência foi já de grande recuperação do setor. Segundo os dados da APPICAPS (associação do setor do calçado), divulgados no início de janeiro, em 2022 esta indústria terá, pela primeira vez, exportado mais de 2.000 milhões de euros em calçado, superando 2017, que tinha sido o melhor ano até agora. O setor, que congrega cerca de 1.500 empresas, e emprega mais de 40 mil pessoas, terá produzido mais de 80 milhões de pares de sapatos, segundo a mesma fonte.
Hoje, mais do que nunca, a sustentabilidade faz parte dos nossos valores, que regem cada desenvolvimento, cada criação e cada par de sapato produzido.
No caso da Mariano, e segundo Fátima Oliveira, estão “bastante confiantes no crescimento e expansão da marca”. “Como referi, desde 2019 que reforçamos as nossas iniciativas no mercado internacional e é este o caminho que iremos continuar a fazer por o considerarmos de vital importância.” Mas a essência da Mariano, afirma a responsável, continuará a ser a mesma: “Produzir calçado com uma enorme qualidade artesanal, em que cada par conta uma história única.” Quando as pessoas compram sapatos artesanais, “apoiam empresas familiares e artesãos talentosos”. “Em troca, obtêm um produto que quase sempre excederá as suas expectativas. Na Mariano, passámos 78 anos a aperfeiçoar o nosso processo, de forma que cada cliente possa receber um par de sapatos que adore.”
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