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“Vou tentar voar o mais alto que conseguir”

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“Vou tentar voar o mais alto que conseguir”

Publicado em 11 de Janeiro de 2023 às 12:54

Depois de acabar o 12º ano, aos 17 anos, Pedro Campos estava confuso e decidiu ir trabalhar, primeiro, num supermercado, depois, num talho e numa pizzaria. Só aos 22 anos descobriu a 42 Lisboa, uma das melhores escolas de programação do mundo que transformou a sua vida.


Os olhos de Pedro Campos riem quando fala do interesse de sempre pela programação. Recorda que tinha 8 ou 9 anos quando a paixão pelos videojogos cresceu muito para lá do simples prazer do jogo. A mente criativa de Pedro sonhava em criar e desenvolver videojogos.

Mas esse sonho viria a ser adiado. Nascido no Restelo, em Lisboa, Pedro terminou o 12º ano aos 17 anos na Escola Secundária de Miraflores, sempre com notas medianas, porque nunca gostou muito dos métodos do ensino tradicional.  “Na altura andei meio baralhado e não sabia bem o que fazer da vida”, conta. Por isso, resolveu ir trabalhar. Passou por um supermercado, depois por um talho e por uma pizzaria e chegou mesmo a andar “na distribuição de pizzas à noite”.

A rotina era esta, até ao dia em que um amigo lhe reavivou a paixão adormecida ao falar-lhe sobre a 42 Lisboa, uma escola revolucionária que existe com enorme sucesso em diversos países – de França aos Estados Unidos –  e onde a programação é o centro de todas as atenções. Aliás, esta é uma das melhores escolas de programação do mundo.

Por causa da parceria com a Fundação Santander Portugal e com outros mecenas, a 42 Lisboa é gratuita e destaca-se ainda pelo método de ensino inovador e pela flexibilidade de horários.

Uma escola totalmente diferente

Mas ninguém melhor do que o Pedro, que estuda lá há um ano, para nos explicar o processo de candidatura, também ele totalmente diferente: “O processo começa com dois testes de lógica, na internet, um de 4 minutos e outro de duas horas. Depois, vamos conhecer a escola fisicamente e temos um boot campde 26 dias, que é a última fase de seleção.”

Mafalda Sousa Guedes, diretora executiva da 42 em Lisboa e no Porto, cidade para onde se expandiu este ano, destaca a dedicação e a capacidade de trabalho de Pedro, “desde o primeiro momento”, recordando que, no princípio, “conciliou o seu trabalho como distribuidor de pizzas com o curso”.

Todo o ambiente vivido na 42 Lisboa é de enorme camaradagem e entreajuda: como não existe a hierarquia típica das escolas, são os alunos que gerem o seu próprio tempo, a aprendizagem e a sua evolução. Para Pedro, é como fazer parte “de uma grande família”, em que até os momentos de descanso são valorizados por todos.

A dedicação ímpar de Pedro vai muito além do percurso individual e hoje é presidente da Associação de Estudantes, promovendo diversas atividades “que ajudam a melhorar a relação dos alunos entre si”.

Incentivam-se uns aos outros a evoluir para que ninguém fique para trás. Num espaço onde há grande liberdade, há também uma responsabilidade equivalente, já que cabe aos próprios alunos gerirem o seu tempo e decidirem quando e como querem apostar no conhecimento e retirar o melhor partido desta oportunidade única, sabendo que têm tarefas e metas a cumprir.

A importância de se apostar na inovação

Olhando para o passado, Pedro assume que, no ensino tradicional, não estudava e estava sempre distraído nas aulas. Acredita que é a diferença no método de ensino que faz a diferença. Por isso, defende o apoio de instituições como a Fundação Santander Portugal, mecenas fundador da 42 Lisboa, para projetos diferentes e que abram novas portas aos desafios dos jovens de hoje.

Acredita mesmo que este é um apoio “que resolve dois problemas: o das pessoas que não tiveram oportunidades, e o das empresas que precisam de pessoas”. Admite também que o facto de a escola ser gratuita lhe permitiu mais facilmente tomar a decisão de voltar a estudar e de “dar uma nova oportunidade” a si próprio.

“Vou tentar voar o mais alto que conseguir” | Transformar Vidas

Um futuro com esperança

Pedro gostava de, um dia, poder retribuir tudo o que a 42 Lisboa já lhe deu, ponderando manter-se na escola como membro do “staff técnico” ou “para ajudar em qualquer capacidade”. Mas não fecha portas a outras oportunidades.

Mafalda Sousa Guedes corrobora o percurso que Pedro ainda pode fazer na 42, onde mantém alguns projetos por realizar. “Em tecnologia, as hipóteses são infinitas e as necessidades crescentes”, o que significa que cabe ao estudante descobrir e explorar quais as áreas em que gostaria de trabalhar.

Na Web Summit de 2022, Pedro Campos ampliou a rede de contactos com várias empresas, algumas das quais mostraram já interesse em trabalhar com ele. Independentemente de as oportunidades se concretizarem, o jovem acredita agora que pode vir a ter “um futuro brilhante”. E resume: “A 42 esteve cá para me ajudar, os meus colegas também – e com estes pilares consigo ter uma boa base para tentar voar o mais alto que conseguir.”