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“Somos os únicos a transformar 100% de resíduos em 100% de valor”

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“Somos os únicos a transformar 100% de resíduos em 100% de valor”

Publicado em 22 de Fevereiro de 2023 às 09:59

Fundadora e CEO da AgroGrIN Tech, Débora Campos quer deixar uma marca positiva no planeta, nas empresas e na vida das pessoas. O Prémio Santander X Portugal deu mais força a esta startup e ao seu projeto pioneiro, com direito a patente, por um futuro mais sustentável.


Natural de Barcelos, doutorada em Biotecnologia, Ciência e Engenharia Alimentar e com uma carreira repleta de projetos e distinções, a jovem investigadora na área da alimentação é CEO da startup que fundou. Única no mercado, a AgroGrIN Tech distingue-se graças à sua tecnologia verde patenteada, em
prol do desperdício zero e da economia circular. Vamos conhecer o percurso da Débora e o papel do Santander na concretização das suas aspirações.

“Nada se desperdiça”, a máxima sempre presente

Quando foi de Barcelos para o Porto estudar Biociências, em 2007, estava longe de imaginar o que o futuro lhe reservava. Criada no campo, onde os hábitos de reaproveitamento sempre fizeram parte do dia a dia, o interesse pela área alimentar foi ganhando forma durante o curso, sobretudo nos estudos laboratoriais de microbiologia.

Em 2013, já escrevia artigos científicos acerca da economia circular. Cada vez mais consciente da pouca sustentabilidade existente na maior parte dos processos utilizados, sentiu que podia ter um papel ativo na mudança, utilizando o conhecimento científico.

AgroGrIN Tech: de ideia de negócio a startup

Durante o doutoramento iniciado em 2017, Débora investigou possíveis métodos de utilização prática para a redução dos resíduos alimentares. Foram os resultados desta investigação científica que a levaram a criar uma tecnologia relacionada com a extração de ingredientes essenciais a partir de resíduos. O Gabinete de Patentes reconheceu o potencial de aplicação industrial e, perante a dificuldade na transmissão do conhecimento científico universitário para o mercado, a Universidade Católica apoiou a criação da ideia de negócio com base nesta tecnologia pioneira. Estava prestes a nascer uma empreendedora.

Se a ideia apareceu em 2017, a empresa só nasceu em finais de 2019. No longo processo de aprendizagem, cada etapa ultrapassada deu uma nova força para continuar: “Comecei a participar em programas de ideação em Portugal e na Europa que me permitiram ganhar as ferramentas para a levar até ao ponto de startup.” Assim surgiu a AgroGrIN Tech.

Inovar por um futuro mais “verde”

Se considerarmos que 20% dos frutos e vegetais são perdidos ao longo do processamento e cerca de 56% dos resíduos produzidos em Portugal são colocados em aterros, a nova tecnologia criada por Débora Campo representa uma revolução na sustentabilidade alimentar, na aplicação de uma economia circular e na valorização económica das empresas. “Somos os únicos a transformar 100% de resíduos em 100% de valor”, ou seja, a converter desperdícios de qualquer fruta ou vegetal em ingredientes alimentares, das farinhas sem glúten a aditivos naturais, produtos naturais que são cor ou sabor, como sumos de fruta desidratada, passando pelos extratos de enzimas e de vitaminas aplicáveis em diferentes indústrias da área alimentar, a começar pela saudável – e na cosmética. De realçar, ainda, que se trata da “única tecnologia existente no mercado que aplica química verde para a extração das enzimas” sem qualquer efeito nocivo para o consumidor.

“Somos os únicos a transformar 100% de resíduos em 100% de valor” | Transformar Vidas

Em suma, a AgroGrIN Tech não só produz ingredientes promotores de saúde e bem-estar através de um processo mais rápido e de baixo custo, como valoriza economicamente as empresas ao comprar alimentos de baixa qualidade ou deteriorados, sendo ainda benéfica para o ambiente graças à cultura de desperdício zero, à menor utilização de água e à redução na produção de carbono. Para além disso, ao difundir conceitos de sustentabilidade, torna a sociedade mais consciente da escassez dos recursos do planeta e da necessidade urgente de transformarmos a forma como vivemos.

Prémio Santander X Portugal

Chegado o momento de transferir este processo para a indústria, o desafio atual é o alto investimento necessário para criar uma unidade industrial, infraestruturas e comprar equipamentos.

Foi através da Agência Nacional de Inovação (ANI) que Débora teve conhecimento do Prémio Santander X Portugal. Depois de uma candidatura “muito simples, intuitiva, numa plataforma muito fácil”, venceu na categoria Accelerate.

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A investigadora com a sua equipa em Laboratório durante a entrevista

Este apoio apareceu no momento certo e elevou a AgroGrIN Tech para outro patamar: além da importância do investimento que recebeu, abriu-lhe as portas para o Santander X 100 e a toda uma rede de contatos internacionais.

Nesta fase de crescimento e posicionamento no mercado, a CEO Débora não esconde que “a Fundação tem sido bastante próxima e a publicidade associada é uma grande ajuda”. “Sermos premiados por uma entidade tão reconhecida é um selo de garantia e tem-nos ajudado a ter o feedback dos investidores e potenciais clientes”, afirma Débora.

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 Tanto o mercado nacional como o internacional se têm mostrado recetivos e a startup já tem cartas de interesse de algumas empresas com as quais começará a trabalhar logo que tenha capacidade produtiva.