O emblemático Salão Medieval da reitoria da Universidade do Minho, em Braga, vai ser o palco de um concerto inédito que vai fundir os sons da Orquestra de Dispositivos Eletrónicos (ODE) com as vozes do Grupo Outra Voz. Este concerto singular é uma das apostas do programa de Braga 25, Capital Portuguesa da Cultura, e ainda tem o extra de acontecer durante a realização da famosa Noite Branca em Braga (de 5 a 7 de setembro), evento anual que leva toda a gente às ruas da capital minhota.
O público pode esperar, sem dúvida, um concerto único e irrepetível.
Sara Borges, responsável pela mediação e participação na Faz Cultura, empresa municipal de cultura de Braga que gere o Theatro Circo, gnration, Braga Media Arts e Braga 25, contou que a ideia de juntar os sons da ODE com a Outra Voz veio de um “namoro que vem sendo alimentado há bastante tempo”, iniciado por um contacto da equipa da Outra Voz.
O projeto Clube Raiz, focado na música tradicional local e nos cruzamentos disciplinares, “veio potenciar este encontro e dar-lhe o palco ideal para acontecer”.
NO PROCESSO CRIATIVO DA ORQUESTRA DE DISPOSITIVOS ELETRÓNICOS OS PARTICIPANTES TRAZEM OS SEUS INSTRUMENTOS. AS SESSÕES COMEÇAM COM A PERCEÇÃO DA SONORIDADE DE CADA INSTRUMENTISTA ATÉ DEPOIS TUDO SE INTERLIGAR NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO COLETIVA.
Sobre a integração com a Noite Branca, Sara Borges observa que, apesar de ser um programa mais experimental, a própria diversidade da Noite Branca abre espaço para propostas menos convencionais, e acredita que “o público esteja aberto a deixar se levar por outro tipo de programas, mais experimentais, como será o caso deste concerto”.

@Lais Pereira
Sara Borges destaca ainda “a dimensão simbólica associada a esta apresentação”, realçando o facto de a Outra Voz ser “o único projeto que permaneceu após Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012”. Como Braga celebra agora o seu ano como Capital Portuguesa da Cultura, “houve uma preocupação com a continuidade e o legado dessas iniciativas”.
São todos bem-vindos à Orquestra
Na Orquestra de Dispositivos Eletrónicos todos os anos se abrem novas inscrições. Podem inscrever-se “pessoas de todas as idades, com ou sem conhecimento de música”, afirma Sara Borges. “Isto faz com que tenhamos grupos onde se incluem pessoas com formação musical e outras que têm zero conhecimento na área, e que nunca tocaram um instrumento. Isso não impede a sua participação, já que usamos dispositivos que não exigem um conhecimento técnico tão específico como um instrumento mais convencional, o que permite ao participante desde logo começar a emitir som e a participar na criação, ainda que com elementos menos complexos sonicamente”. A ODE funciona como um projeto que ocupa o ano inteiro, com sessões quinzenais. “Durante este ano, temos previstas cerca de três apresentações públicas por edição”, diz Sara Borges.Um “som coletivo singular”
Sobre a Orquestra de Dispositivos Eletrónicos, a responsável sublinhou que a participação e a cocriação são centrais: com “sonoridades, ideias e contributos de cada participante”, cria-se um som coletivo singular.
Em vez de seguir pautas pré definidas, “procura-se um espaço aberto à criação conjunta onde cada um se possa expressar”. No processo criativo da ODE, os participantes trazem os seus instrumentos ou utilizam os dispositivos disponibilizados pelo Circuito. Como explica Sara Borges, as sessões começam com a perceção da sonoridade de cada instrumentista, passando depois para instruções mínimas que permitam saber como é que tudo se pode interligar por forma a existir uma verdadeira participação coletiva. “Este ano, por exemplo, com a harpista Angélica Salvi, o grupo está a usar uma técnica de improvisação em tempo real. Isto faz com que exista um espaço grande para a improvisação, ainda que orientada por uma linguagem comum”, adiantou a coordenadora de mediação e participação da Faz Cultura.
O GRUPO OUTRA VOZ FOI O ÚNICO QUE PERMANECEU APÓS GUIMARÃES CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA 2012.
“O público pode esperar, sem dúvida, um concerto único e irrepetível”, resultado de um diálogo à distância entre a ODE e Outra Voz até ao momento do encontro presencial em setembro. Sendo que a Orquestra de Dispositivos Eletrónicos reúne presencialmente todas as semanas.
A juntar a esta “correspondência sonora”, o concerto acontece no Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho, “um lugar muito especial da cidade de Braga e que irá sem dúvida engrandecer este encontro”. Como referido, este concerto especial vai conjugar-se com a popular Noite Branca de Braga (de 5 a 7 de setembro”, a qual “convoca um espectro largo de público, com uma programação muito intensa e diversificada”.
“Este concerto, em particular, poderia ser uma “carta fora do baralho”, mas a verdade é que a Noite Branca se caracteriza por conjugar propostas muito diversas num mesmo período”. A dimensão das apresentações públicas da ODE, e desta vez com o grupo Outra Voz, acaba por ser “altamente motivadora”. Será toda uma experiência singular.