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UNICRE: 50 anos de uma história “romântica” e “improvável”

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UNICRE: 50 anos de uma história “romântica” e “improvável”

Publicado em 17 de Setembro de 2024 às 09:00

Há 50 anos, quase todos os pagamentos em Portugal eram feitos com dinheiro. Até surgir a UNICRE – a primeira instituição financeira especializada na emissão de cartões e soluções de pagamento em Portugal.

Nasceu pouco antes do 25 de Abril de 1974, sobreviveu a inúmeras crises e continua a ser pioneira com o lançamento da primeira solução de parcelamento de compras em loja física. João Batista Leite, CEO da UNICRE, assume-se como um “apaixonado por histórias românticas” como a da empresa que nasceu a 17 de abril de 1974, num período conturbado em Portugal: “Dezembro de 1973 foi a maior crise económica que houve em Portugal. Havia a crise do petróleo – a OPEP tinha cortado o abastecimento a Portugal, porque tínhamos a base das Lajes, e estávamos no meio de uma grande crise económica, com racionamento de gasolina, etc. Então, lançamos a UNICRE e acontece o 25 de Abril. A crise política veio logo depois, seguida da crise social e humana, com o retorno de mais de um milhão de portugueses vindos das colónias. É neste ambiente que a UNICRE nasce, uma empresa tipicamente capitalista, porque pretendia ter cartões de crédito e movimentos de dinheiro, algo que não era muito bem visto”, conta.

Foi também nesta altura que o País passou por uma série de nacionalizações “começando pela banca”. Em 1979, Portugal pede, pela primeira vez, ajuda externa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e acontece o “primeiro resgate”. Neste contexto social e político, João Batista Leite admite que parecia “improvável” que a UNICRE sobrevivesse. No entanto, pouco tempo depois, lançam “o primeiro cartão de crédito em Portugal”, que “permitia às pessoas movimentarem-se sem ter de usar dinheiro, especialmente para viajar no estrangeiro”.

A “primeira rede de aceitação de cartões” foi lançada pela UNICRE, no início dos anos 1980, e novamente a empresa enfrenta “o segundo resgate [a Portugal] e depois o terceiro”. Na opinião do CEO, a UNICRE sobreviveu a todas estas crises, em grande parte, devido ao “espírito” dos seus colaboradores: uma “geração de talentos” que ainda hoje se mantém fiel à empresa, alguns dos quais há “cerca de 20 anos”.

A UNICRE tem sido determinante na adoção de modelos de pagamentos que transformam a vida das pessoas para ser mais simples, mais segura e mais resiliente. Este tem sido, de facto, o nosso caminho e faz parte do nosso ADN.

João Baptista Leite, CEO da UNICRE

Mantendo a génese de ser pioneira na inovação, no ano 2000, a UNICRE lançou “o primeiro cartão para compras online, em Portugal”: o Unibanco Net Net. Em 2010, foram também “uma das primeiras instituições a lançar o contactless”, que, segundo João Batista Leite, teve “uma resistência tremenda” em Portugal “que não se via nos outros países”. No entanto, a pandemia de covid-19 veio acelerar a transição digital e a necessidade de utilizar tecnologias como o contactless, que, tal como o nome indica, dispensam a necessidade de tocar no terminal de pagamento: “Em 2019, tínhamos 10% das transações em contactless. Hoje em dia, temos mais de 80%. Portanto, nestes últimos três, quatro anos houve uma revolução tremenda.”

Com a pandemia e o confinamento, o comércio eletrónico “também explodiu”. Por isso, a UNICRE “readaptou todas as soluções de e-commerce” e isso refletiu-se nos números: “O mercado valia 80 a 90 milhões de euros e, este ano, prevê-se que vá valer 150 a 160 milhões. É uma diferença tremenda. A UNICRE, com este espírito de resiliência e inovação, adaptou rapidamente as soluções de e-commerce: desde o e-commerce muito simples para a D. Francisca que quer vender rissóis até ao comerciante mais sofisticado. A UNICRE tem sido determinante na adoção de modelos de pagamentos que transformam a vida das pessoas para ser mais simples, mais segura e mais resiliente. Este tem sido, de facto, o nosso caminho e faz parte do nosso ADN.”

Parcela Já: sem juros nem burocracias

Outra das características do negócio da UNICRE é a realização de parcerias com empresas que também tenham na sua génese a inovação e o objetivo de simplificar a vida das pessoas, como é o caso do Parcela Já. Em parceria com a UNICRE, lançaram um produto de pagamento que “permite a um cliente final que entre numa loja – desde óticas, lojas de informática, reparações de automóvel, entre outras – comprar o seu produto e pagá-lo até seis parcelas, sem qualquer tipo de custo, nem juros”, explica Miguel Quintas, fundador do Parcela Já. Esta solução já está disponível em “milhares de lojas” que são “aderentes aos terminais da REDUNIQ” e também online.

Quando comparada com outras formas de pagamento, como, por exemplo, um cartão de crédito, Miguel Quintas assegura que existem “várias diferenças”: “Um cartão de crédito permite, ao cliente, atrasar ou substituir os primeiros três pagamentos por pagamentos parcelados. O Parcela Já tem uma opção de até seis meses. Tipicamente, o cartão de crédito inclui juros para o cliente final. O Parcela Já não tem juros. O cartão de crédito está limitado ao plafond que é concedido. No Parcela Já, não existe plafond. Depois, nem toda a gente tem acesso a um cartão de crédito. E o Parcela Já funciona com qualquer cartão – seja de débito ou crédito – de qualquer banco.”

Além disso, segundo o fundador, o Parcela Já elimina completamente a burocracia exigida por outras soluções de pagamento: “Se eu quiser comprar uma televisão, por exemplo, e for pedir um crédito, o que é que acontece de seguida? Vão pedir, provavelmente, o recibo do salário, o comprovativo de morada, o comprovativo do IBAN, uma cópia do cartão de cidadão… Depois, ou a loja não faz o crédito ou, se fizer, ainda tem de estar à espera na fila para ser atendido e, no final do processo, pode até dar-se o caso de o crédito não ser aprovado. Ou só ser aprovado no dia seguinte.” Em contrapartida, o processo de aprovação do pagamento através do Parcela Já demora cerca de “30 segundos”: “No momento em que vai fazer o seu pagamento com o cartão de débito ou de crédito, é automaticamente decidido se vai ter acesso” ao pagamento em parcelas, assegura Miguel Quintas.

Segundo João Batista Leite, “há uma série de mecanismos que estão por trás” desta validação. No momento em que o cliente está a fazer a compra, a UNICRE, por meio de mecanismos de inteligência artificial, faz “uma análise do cliente, vai ao Banco de Portugal, percebe se está insolvente ou não…”. No fundo, é feito “um conjunto de análises em menos de 30 segundos para facilitar” todo o processo burocrático.

E-GDS “a experiência total” no setor hoteleiro

Pôr a tecnologia ao serviço das pessoas e simplificar processos é também o mote da e-GDS, Global Distribution Solutions, outra das parceiras da UNICRE. Com 25 anos de experiência no desenvolvimento de sistemas de reservas para o setor hoteleiro, a e-GDS permite que o consumidor “reserve a sua total experiência no alojamento”: “Há pouco tempo, a hotelaria vendia apenas o alojamento em si. Hoje em dia, a hotelaria vende a experiência. E consegue vendê-lo com parceiros de negócio que tenham, por exemplo, o rent-a-car, o restaurante, o spa ou algo do género”, explica Ana Sofia Castelo, diretora-geral da e-GDS Global Distribution Solutions. Além disso, “com a parceria com a UNICRE, o cliente consegue pagar logo”. Portanto – frisa a diretora-geral –, “facilita a vida do consumidor”.

Além disso, os hotéis também vão ter de lidar com “muito menos burocracia”: “Receber um pagamento de uma determinada entidade e depois ter de pagar a fornecedores que vão providenciar esse serviço obriga a grandes burocracias”, justifica Ana Sofia Castelo. Esta plataforma “facilita a vida de quem está na receção”, que, “naquele imediato, quando o cliente entra porta adentro, sabe que vem com um cartão de crédito que é válido e com uma transação que já está concluída. E, para quem está em backoffice, todos os processos ficam muito mais facilitados porque os sistemas comunicam” entre si.

Por tudo isto, a diretora-geral da e-GDS acredita que se trata de “uma solução para a hotelaria, que dá resposta não só às necessidades dos hóspedes, mas também às necessidades dos hotéis e dos grupos económicos na rentabilização da experiência completa de uma estadia”.

Questionados sobre a possibilidade de existir também uma parceria entre o Parcela Já e a e-GDS, que permite pagar o alojamento e toda a experiência em parcelas, ambos respondem com produtividade e sentido de humor. Para Miguel Quintas, o acordo pode avançar assim que “terminar esta conversa”. Já Ana Sofia Castelo faz “uma confidência”: “Já trouxe os contratos”, afirma, entre risos. Também João Batista Leite, CEO da UNICRE, quis “ajudar a fechar o negócio”, afirmando que “esta parceria é quase natural”.

Outra das inovações tecnológicas com o cunho da UNICRE é o projeto Mass Transit, uma parceria com a Visa e com os operadores de transportes que permite aceder a transportes públicos, em Lisboa e no Porto, utilizando apenas um cartão de pagamento com tecnologia contactless. Para concretizar como é que este sistema veio facilitar a vida aos utilizadores, João Batista Leite dá um exemplo: “Lembro-me do primeiro Web Summit que houve em Lisboa. Saí do evento às nove da noite e gerou-se o caos à volta do metro. Havia 30 mil pessoas a tentar comprar o bilhete, a tentar perceber aquela caixa… E isto assustou-nos. Portanto, começámos a falar com os nossos parceiros, porque em Londres ou Singapura isto parece ser natural. Fizemos essa parceria com os meios de transporte e vimos agora, durante as Jornadas Mundiais da Juventude, que as pessoas circulavam à vontade. Só têm de passar com o seu telemóvel, entram, saem e pagam o mínimo possível, porque há um mecanismo para garantir que pagam o mínimo possível.”

Além da facilidade, outra das garantias da UNICRE é a segurança: “A UNICRE acabou de receber, pelo quarto ano consecutivo, a sua certificação em cibersegurança, que é o PCI DSS, que é o Payment Card Industry Data Security Standards.”